John Locke

 

 

John Locke
John Locke
Nascimento 29 de agosto de 1632
Wrington, Somerset, Inglaterra
Morte 28 de Outubro de 1704
Essex, Inglaterra
Escola/tradição Empirismo britânico, Contrato social, Lei natural
Principais interesses Metafísica, Epistemologia, Filosofia política, filosofia da mente, educação
Idéias notáveis Tabula rasa; Lei natural; Direito à vida, liberdade e propriedade
Influências Platão, Aristóteles, Avicenna, Ibn Tufail, Aquinas, Grotius, Samuel Rutherford, Descartes, Hooker, Hobbes, Irmandade polonesa
Influenciados Hume, Kant, Berkeley, Paine, Smith e muitos filósofos políticos após ele, especialmente os pais fundadores dos EUA
Assinatura

John Locke (29 de Agosto de 1632 — 28 de Outubro de 1704), filósofo inglês e ideólogo do liberalismo, é considerado o principal representante do empirismo britânico e um dos principais teóricos do contrato social.

Biografia

Estudou medicina, ciências naturais e filosofia em Oxford, principalmente as obras de Bacon e Descartes. Em 1683 John Locke fugiu para Holanda. Voltou à Inglaterra quando Guilherme de Orange subiu ao trono, em 1688. Faleceu em 28 de outubro de 1704. Locke nunca casou ou teve filhos.

Obra

Locke é considerado o protagonista do empirismo, isto é, a teoria denominada de Tabula rasa (do latim, "folha em branco"). Esta teoria afirma que todas as pessoas nascem sem saber absolutamente nada e que aprendem pela experiência, pela tentativa e erro. Esta é considerada a fundação do "behaviorismo".

A filosofia política de Locke fundamenta-se na noção de governo consentido dos governados diante da autoridade constituída e o respeito ao direito natural do ser humano, de vida, liberdade e propriedade. Influencia, portanto, as modernas revoluções liberais: Revolução Inglesa, Revolução Americana e na fase inicial da Revolução Francesa, oferecendo-lhes uma justificação da revolução e a forma de um novo governo. Para fins didáticos, Locke costuma ser classificado entre os "Empiristas Britânicos", ao lado de David Hume e George Berkeley, principalmente pela obra relativa à questões epistemológicas. Em ciência política, costuma ser classificado na escola do direito natural ou jusnaturalismo.

Retrato de John Locke

Para Bernard Cottret, biógrafo de João Calvino, a braços com a história trágica da brutal repressão aos protestantes em França no século XVI, e a própria intolerância e zelo religioso radical de João Calvino em Genebra, o nome de John Locke está intimamente associado à tolerância. Uma tolerância que os franceses aprendem a valorizar apenas na década de 80 do século XVII, quase às portas do Iluminismo. Como Voltaire afirmou, a tolerância é para os franceses um artigo de importação. Bernard Cottret afirma: "a tolerância é o produto de um espaço geográfico específico, nomeadamente o noroeste da Europa. Ou seja: a Inglaterra e a Holanda. E ela é no final em especial a obra de um homem - John Locke - a quem o século XVII dedica um culto permanente".

Dentre os escritos políticos, a obra mais influente foi o tratado em duas partes, Dois Tratados sobre o Governo (1689). A primeira descreve a condição corrente do governo civil; a segunda parte descreve a justificação para o governo e os ideais necessários à viabilização. Segundo Locke todos são iguais e que a cada deverá ser permitido agir livremente desde que não prejudique nenhum outro. Com este fundamento deu continuidade à justificação clássica da propriedade privada ao declarar que o mundo natural é a propriedade comum de todos, mas que qualquer indivíduo pode apropriar-se de uma parte dele ao misturar o trabalho com os recursos naturais. Este tratado também introduziu o "proviso de Locke", no qual afirmava que o direito de tomar bens da área pública é limitado pela consideração de que "ainda havia suficientes, e tão bons; e mais dos ainda não fornecidos podem servir", por outras palavras, que o indivíduo não pode simplesmente tomar aquilo que pretende, também tem de tomar em consideração o bem comum.

Em Ensaio acerca do Entendimento Humano (1690), Locke propõe que a experiência é a fonte do conhecimento, que depois se desenvolve por esforço da razão. Outra obra filosófica notável é Pensamentos sobre a Educação, publicado em 1693. As fontes principais do pensamento de Locke são: o nominalismo escolástico, cujo centro era a Oxford; o empirismo inglês da época; o racionalismo defendido por René Descartes e a filosofia de Malebranche.

Defesa da escravidão

Locke é considerado "o último grande filósofo que procura justificar a escravidão absoluta e perpétua". Ao mesmo tempo que dizia que todos os homens são iguais, Locke defendia a escravidão (sem distinguir que fosse apenas a negra), pois, aparentemente, ele só considerava como humanos os homens livres. Locke sustenta a escravidão pelo contrato de servidão em proveito do vencido na guerra que poderia ser morto, mas assume o ônus de servir em troca de viver. Locke não defende a escravidão fundada em raça, mas no contrato com o vencido na guerra, seja ele branco ou negro. Locke contribuiu para a formalização jurídica da escravidão na Província da Carolina, cuja norma constitucional dizia: "(...) todo homem livre da Carolina deve ter absoluto poder e autoridade sobre os escravos negros seja qual for a opinião e religião." Ele também investiu no tráfico de escravos negros.

Porém, ao analisar essa questão, deve-se levar em conta o período histórico em que Locke se encontrava, da mesma forma que ocorre com outros grandes filósofos, como Aristóteles, que foi o primeiro a fazer um tratado político defendendo a escravidão. Na época a escravidão era uma prática comum, isso o classificaria como um homem da época. Para muitos, este fato não diminui a enorme quantidade de idéias, revolucionárias para a época, produzidas por ele.

Também é necessário lembrar que a defesa da escravidão não está ligada à grande idéia política central, que une ele aos outros liberais clássicos: os Direito Naturais do ser humano. Visto que a longa trajetória do liberalismo teve o exato início com John Locke, e que é notório que as ideologias mudam bastante com o tempo e com as gerações posteriores, está claro que o liberalismo por si não detém nenhum vínculo com a defesa da escravidão.