Filosofía da religião

O estudo filosófico dos conceitos e afirmações religiosas. Apesar da multiplicidade de religiões com diferentes cultos, mitos e práticas, os filósofos têm-se tradicionalmente centrado nas religiões dominantes no ocidente — o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Uma das razões deve-se ao facto de estas religiões fornecerem visões complexas acerca do modo como o mundo e o universo se comportam, ao contrário do que se passa com as religiões orientais — como o hinduísmo, o budismo e o confucionismo — que se preocupam mais em propor formas de conduta e de viver. O que interessa em geral aos filósofos é saber se a visão religiosa do universo é ou não verdadeira.

Comum às religiões ocidentais é a crença na existência de Deus. Deus é caracterizado como uma pessoa incorpórea e eterna, que criou o universo, que é sumamente boa (moralmente perfeita), que é toda-poderosa (omnipotente), que sabe tudo (omnisciente), que está em todo o lado (omnipresente), etc. Diz-se que este deus é o Deus teísta, e chama-se teísmo à crença na sua existência, de modo que não é de estranhar que os problemas que mais têm atraído a atenção dos filósofos sejam o da coerência do conceito de Deus e o da existência de Deus.

Um dos paradoxos clássicos relativamente à coerência do conceito de Deus é o de saber se Deus pode criar uma pedra tão pesada que Ele não a possa levantar. Se Deus é omnipotente, então pode criar tal pedra, mas se a criar então não é omnipotente, porque depois não pode levantá-la. Por outro lado, se não a pode criar, então não é omnipotente. Uma resposta a este problema é a de que Deus não pode criar impossibilidades lógicas. Outro problema é o de saber se a existência de Deus é compatível com a liberdade humana: se Deus sabe tudo, então sabe o que vamos fazer; mas, se sabe o que vamos fazer, então o que vamos fazer já está determinado; logo, não pode haver livre-arbítrio. A questão de saber se Deus existe é a que mais tem interessado aos filósofos. São vários os argumentos a favor da existência de Deus, muitos deles apresentados na Idade Média. Por exemplo, só da autoria de S. Tomás de Aquino há cinco argumentos a favor da existência de Deus. Os principais tipos de argumentos a favor da existência de Deus são: o argumento ontológico, o argumento cosmológico e o argumento do desígnio. Estes argumentos ganharam um novo fôlego nas mãos de teístas contemporâneos como Alvin Plantinga (n. 1932) e Richard Swinburne (n. 1934), que defendem versões mais sofisticadas de alguns deles. Chama-se "teologia natural" ao estudo racional de Deus. A "teologia revelada" é o estudo de Deus baseado na fé e na revelação.

Dois outros problemas igualmente muito discutidos são o papel dos milagres enquanto provas da existência de Deus, a que David Hume levantou fortes objecções, e o problema do mal.

Muitos filósofos fideístas defendem que a questão de saber se Deus existe não é susceptível de discussão racional: é uma questão fé.

Outros problemas igualmente importantes são os seguintes: Será que a existência de Deus é compatível com a liberdade humana? Será que existe vida depois da morte? Como compreender conceitos como o de fé, salvação e criação, entre outros?